sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

#1

No momento em que as lágrimas me percorrem o rosto sei que nunca poderia procurar outro culpado que não eu mesma. Cheguei até aqui, tantas vezes sem revelar o que me ia no pensamento, que esqueci a fórmula do desabafo. A verdade prende-se a mim como um recluso que, preso há demasiado tempo, teme o mundo lá fora. Teme-o porque vê o mundo avançar sobre acontecimentos que se converteram em hábitos. Hábitos a que já não pertenço mais.
Eles riem. Brincam. Bebem. E o tempo passa. O que podia ser já não acontece, porque não se sabe o caminho de volta. Perdeu-se o ponto de partida. A esperança, essa ficou, mas de que me vale ela agora, se a sinto envenenada? Ela está aqui, mas é como se risse de mim e me desafiasse.
As pessoas mudam, e quando nos afastamos por demasiado tempo podemos criar uma visão difusa do que está ao nosso redor. Aí, podemos precisar, mas já não sabemos se somos precisos. A dúvida consome-nos e a energia que perdemos deixamos de a ter para enfrentar os nossos receios.
Cada dia é um desafio, devo, então, secar as lágrimas e vivê-lo.

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;D