sábado, 26 de novembro de 2011

Pedaços de vida #3

Olha para o relógio que traz no pulso. Aperta o casaco e acelera o passo. Anoitecera e, já não há vivalma na rua. Tudo lhe parece fantasmagórico. Em meados de novembro, ainda, não está o frio invernal a que a cidade habitou a gente que ali vive, embora, para ela seja o suficiente para ter dificuldade em respirar.
Sabe que amanhã Morais irá recebê-la e falar-lhe acerca do seu novo emprego. Mas não sabe quem é Morais. Nem, tão pouco, sabe onde pode encontrá-lo. Irá ficar à espera do seu telefonema. Enquanto isso, terá de passar esta noite no hotel da cidade. Amanhã procurará um sítio melhor.
A ansiedade percorre-lhe as veias, e ela reconhece a sensação. Reconhece-a dos dias após a traição, os dias antes do adeus. Está ali por fugir do passado, por medo do futuro. Quer recomeçar, só não sabe como.
– Está perdida?
A voz transporta-a de novo para a realidade. Quando se volta, há um homem de sorriso rasgado a fitá-la.
Talvez. – é tudo o que consegue dizer.


* bom fim-de-semana *

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;D