Sabem uma coisa que eu gosto mesmo em ter um blog? Poder ler e reler bons textos pela blogosfera e ser presenteada com textos escritos pelos amigos! A partir de hoje também o André Branquinho faz parte do 'Lugar Comum' :) Bela surpresa. Vale a pena ler o poema que se segue. Deixo algumas pistas: violência doméstica, a fuga, a perseguição, o regresso, as consequências, a coragem (ou a falta dela). Ele passou-me a batata quente para as mãos, pediu-me que escolhesse o nome para o poema. Espero que não se importe.
A porta fechou-se,
O coração também,
Dentro havia nada
E nada queria com ninguém.
O coração também,
Dentro havia nada
E nada queria com ninguém.
Deixava a chama eterna,
Que tanto calor lhe deu
Que tanto calor lhe deu
Mas fugia da inútil dor
Que ninguém lhe prometeu
Arrastava pela rua,
Escura e Gelada,
A agonia que carregava
Que não a deixava mais amar
Escura e Gelada,
A agonia que carregava
Que não a deixava mais amar
A cada passo, sabia:
Voltar era morrer,
Cair nas garras do animal,
Que por ira a punha a sofrer
Voltar era morrer,
Cair nas garras do animal,
Que por ira a punha a sofrer
Sob o olhar da Lua,
Atreveu-se a lacrimejar,
Não da dor que deixara,
Mas da solidão que encontrara.
Atreveu-se a lacrimejar,
Não da dor que deixara,
Mas da solidão que encontrara.
O Mundo caiu-lhe a seus pés,
Não podia continuar,
Desfez-se,
Voltou-se a culpar.
Não podia continuar,
Desfez-se,
Voltou-se a culpar.
Mas no escuro da noite,
Alguém observava,
Aproximaram-se com carinho,
Do canto onde chorava
Alguém observava,
Aproximaram-se com carinho,
Do canto onde chorava
Onde as lágrimas caíam,
Passos eram ouvidos,
Risos desenhados,
O disfarce retirado
Passos eram ouvidos,
Risos desenhados,
O disfarce retirado
E, tal como fugira do lobo,
Fugia agora da matilha,
Corria, indefesa, em tristeza,
Daquela perversa alegria.
Fugia agora da matilha,
Corria, indefesa, em tristeza,
Daquela perversa alegria.
As ruas percorreu de novo,
Por entre o gelo e frio,
Até voltar ao seu lugar,
Quente e macio.
Por entre o gelo e frio,
Até voltar ao seu lugar,
Quente e macio.
E tudo permanecia igual,
Naquele lar pacato e sólido,
A porta abriu-se,
Voltou para ficar
Pois no fundo sabia
Que nunca mais veria as estrelas
Nem o Luar.
Naquele lar pacato e sólido,
A porta abriu-se,
Voltou para ficar
Pois no fundo sabia
Que nunca mais veria as estrelas
Nem o Luar.
André Branquinho
Adorei o poema!Lindo!
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