É nos momentos em que o
tempo teima em correr demasiado lento que surgem recordações de ti, a abordagem
nunca é suave e há quase sempre um rasto de desilusão. Não é contradição
lembrar-me de uma pessoa alegre, é o resultado de discussões que não resolvemos
e que me maceram serenamente o espírito.
Eis o que me faz sentir
triste: saber que se fizer alguma coisa mal, não estás cá para refilar comigo
nem limar as arestas do meu erro. Saber que se quebrar não estás cá com as tuas
palavras que me endureciam o orgulho. Saber que as decisões foram tomadas pelas
circunstâncias e não pelas pessoas. Saber que em alguns momentos tiveste razão
e eu o neguei.
Ensinaste-me muito
sobre mim e por isso criei uma ligação emocional face a ti tão forte que me
doeu ouvir o que eu já sabia que pensavas. Virá o tempo de entenderes que não o
podes saber todo. Estou cá, quero continuar por cá. E vou-te mostrar que há
várias formas de se estar certo, que podemos nunca chegar a saber as
verdadeiras razões que nos levaram a um sítio, mas que pode fazer todo o
sentido estarmos ali.